domingo, 13 de julho de 2014

A copa

Se um dia eu tiver um filho e ele me perguntar se eu me lembro de como foi a copa de 2014... eu teria que responder, "Filho Brasil perdeu na semi-final de 7 x 1 para a Alemanha me lembro que nos primeiros minutos do jogo o placar era 5 x 0"
Mas... eu não sei o que eu irei responder... mas sei qual é a resposta que tenho em minha mente hoje, sobre  esse meio ano de 2014...

A seleção brasileira não passa de um reflexo do que seu país é... perdeu porque não tinha estabilidade emocional e nem técnica... assim como nesse país no qual a única alegria por alguns dias era o santo futebol... qual é a verdadeira alegria de um povo? o que é um povo no país do futebol sem o futebol? o povo continua sendo nada... vi a presidente na final da copa e tive ânsia de vômito... vou lembrar e contar para meu filho sobre os manifestos contra a copa, que na verdade lutavam contra o governo, contra a corrupção, lutavam pelos direitos de um povo que fica cego quando assisti uma partida de futebol, os manifestantes gritam por saúde e educação nas ruas e são reprimidos enquanto o povo grita gol... hoje ativistas estão presos e não sabemos se foi por justa ou injusta causa, estão presos e ponto, resquícios de ditadura ainda permanecem no país... a história quase se repete, na copa de 1970 pessoas sumiam em meio a ditadura e o povo se divertia vendo o jogo...Brasil tricampeão!
Essa copa aconteceu entre depredações, protestos, greves, perdas e derrotas que vão muito além de 7 x 1...
Incontáveis e inúmeras perdas...
Assim como a Alemanha, em poucos minutos o governo vence o povo... o governo quer seu povo pobre, ignorante e moribundo... por isso não investe em educação e saúde... Brasil rumo ao hexa!

Por que a Dilma iria querer um povo inteligente, reflexivo, pensante e rico?????
A Dilma quer o povo focado no futebol e nada mais...
Viva a Copa de 2014!!!
Viva o país da Copa!!!
Viva o PT!!!
Viva a Alemanha!!!



quinta-feira, 15 de maio de 2014

Poema

Poema que não esquecerei de Viviane Mosé.


Rios

Rios, quando ainda são rios,
Conservam vegetação nas margens.
Córregos são águas geralmente claras
Que correm rasas entre as pedras.

Algumas vezes árvores chegam a cobrir um rio por inteiro:
Suas copas vão tecendo um véu verde sobre as águas
(em geral muito limpas) que correm.

 As margens de um rio são plantas e terra molhada.
Terra e água em convivência pacífica.
Que não é lama, é terra e água,
Em sua diferença.

O leito se sabe leito daquele fluxo líquido inserido no chão. 
Eu poderia chorar de coisas assim:
Corre um rio de minha boca corre um rio de minhas mãos.
Dos meus olhos corre um rio.

Na verdade sofro de excessos, que me dão certo vocabulário
Como derramar, escorrer, atravessar.
Tenho a impressão de que tudo vaza em sobras.
Tenho dificuldade em caber.  

Pra caber mais derramo por nada derramo sem motivo.
Vou acalmar meu excesso pensei
Ministrando doses diárias de barcos ancorados ao sol,
Rodeados por pequenos pássaros em busca de restos de peixe.

Águas se lançando sobre as pedras e um vento que parece vivo,
Como se tivesse a intenção de às vezes fazer agrados
Em minha pele.

Meu rosto tem muita simpatia por ventos,
Reconhece certos humores próprios a vento.
Gosto de coisas que se movem.

Por isso aprecio rios e não sou tanto assim apegada a mares.
E árvores.
Se bem que tenho enorme ternura por bois
Fincados no pasto como palavras no papel.

Palavras são estacas fincadas ao chão.
Pedras onde piso nessa imensa correnteza que atravesso.

segunda-feira, 31 de março de 2014

Tríptico Samuel Beckett

Gente eu consegui assistir!

Muitas pessoas desistem de ir pq na net já está esgotado... basta chegar com uma hora e meia de antecedência que você irá conseguir um bom lugar na plateia, nem é preciso esperar até o horário do espetáculo, logo que você chega eles já lhe vendem o ingresso.

Saí da Armênia e depois de duas estações estava no CCBB e depois de 10 minutos estava com meu ingresso em mãos, pude comer, colocar um casaco e conversar um pouco sobre Beckett com alguém que também havia chegado bem mais cedo.


 Paula Spinelli, Nathalia Timberg e Juliana Galdino estavam umas "monstras" em cena, gigantes, no escuro, olhos enormes, bocas enormes, na sombra, elas eram maiores que o próprio esqueleto que as sustentam, uma voz que vinha não sei de onde, que tinha vários timbres, texturas, volumes, entonações, frequências, ritmos, intensidades e todas as outras características possíveis que pode se dar a uma voz, nesta noite eu ouvi... 

Iniciado já em lágrimas uma mulher, uma menina, uma velha, no preto e branco, na escuridão, com olhos que não precisam de luz para ver, na falha, no fracasso, no silêncio, na sombra, a lembrança do ouriço, o outro, os doze homens, a mulher que via e que pede o último respiro desse vazio de felicidade. Morte. Fim. Silêncio. Palmas

Eu de quem nada sei... não sei ainda como será uma semana após assistir Tríptico Samuel Beckett em plena segunda-feira... sei que o soco no estômago está doendo, sei que quando ficar velha quero ser como Nathalia Timberg, quero me lembrar de alguma estrada na qual passei quando criança e quero enquanto mulher ver minha maquiagem preta escorrer dos meus olhos muitas vezes ainda.

E o alguém que conheci na fila me acompanhou até em casa... ele parecia ser um ser no qual não existia então perguntei seu nome...
Stanislau se algum dia você ler este post, faça um comentário para eu saber que você é real.

E para essa semana desejo que todos nós continuemos a dizer sem ter nada a dizer! 




 

segunda-feira, 17 de março de 2014

Final de tarde









Um final de tarde de domingo, pós chuva, sol indo embora, centro de SP, da Vila Maria Zélia até a Praça Ramos.


domingo, 16 de março de 2014

MIT

Assistir uma peça da Mostra Internacional de Teatro realmente não é fácil, passei fome, frio, dor nas pernas e precisei de muita paciência... No balcão do teatro do Sesc Vila Mariana é impossível ler a legenda e ver a frente do palco, por conta disso metade das pessoas foram embora e a outra metade assistiu a peça sentada no chão, 2 horas e 20 minutos, o ar condicionado estava geladíssimo, ganhei um resfriado, fiquei 6 horas sem comer, senti fome, voltei pra casa às 23:40, peguei um dos últimos trens...

Enfim tudo isso para assistir Gólgota Picnic, detalhe comi um MC antes... uma peça fascinante, 5 atores que pisavam em um chão de pão de hambúrgueres, fizeram do Calvário de Jesus uma peça na qual os atores em contato e posições sexuais se jogavam ao chão com gosto, força e sensualidade. Montaram a Torre de Babel sendo suas paredes pães e seu recheio minhocas, a menina do exorcista contou a história de Jesus Cristo e o atendente do MC tirou sua roupa e tocou durante 50 minutos uma ópera em um piano lindo que apareceu no meio do palco.

Os espanhóis fizeram um concerto dentro de uma peça que era o caos em si, um desafio ao público brasileiro que não está acostumado a ficar 50 minutos ouvindo um piano tocar...

Ahh e tinha um personagem muito importante que não pode ser esquecido - O moedor de carne.