Quarta-feira, futebol, festa sertaneja, cerveja, casa, noite. Alguém de quem nada se sabe, rindo de piadinhas no facebook e vendo fotos da mulher invejada. Alguém de quem nada se sabe, ouvindo o silêncio dos motores dos ônibus que saem do estacionamento, as freadas dos carros que tentam tirar um racha, o motor da moto que está dentro do quarto e algumas vozes...
As teclas são a melodia para essa noite desesperadora na qual se tem ou não se tem sono, alguns minutos atrás diversão e tensão com os últimos capítulos da novela das 8, e neste segundo melancolia por metro quadrado no olhar de quem não pisca e imóvel sente e não sente nada.
Alguém de quem não se sabe nada nasceu em algum ano, tem 1 metro e pouco de altura, pesa um pouco mais de 50 Kg, estuda, trabalha, anda, senta, ouve, fala, come, bebe, dorme, sabe ler e escrever, tem alergia, dor muscular e respira... alguém de quem não se sabe nada e que também nada é, sozinho em em casa em uma quarta-feira rindo de piadinhas no facebook e vendo fotos da mulher invejada.
Alguém que nada é e que nada se sabe, perdido, desesperado, esvaziado.
Alguém que nada é e que nada se sabe, que não é ouvido, não é falado, não se ouve, não se fala, que se incomoda com a situação de que não é desejado ser ouvido e ao mesmo tempo finge não se incomodar, fala.
Alguém, fala. Para quem?
Para um outro alguém de quem nada se sabe e que também nada sabe desse alguém. Um alguém que poderia ouvir pois tem ouvidos mas não ouve.
Esse alguém que fala, sente algo que não sabe o que é, está mudo mas sabe falar, tem língua, cordas vocais, lábios, boca e dentes. Esse alguém se importa e fala coisas que podem e não podem ser importantes para você, mas é importante para alguém.
Minhas palavras são minhas ideias, minhas ideias refletem algo que não sei o que é porém é!
Minhas palavras são lixo para você, enquanto minhas ideias são vida para mim.
Quando quiser, sirva-se do meu lixo pois é nele que está minha vida.