terça-feira, 31 de julho de 2012

Fim

Algumas coisas acabam, as bisnaguinhas, o bis, a viagem, uma peça, uma música, o dia, a noite e a gente.
Mas... e se eu não quiser que nada disso acabe? Fácil. Vou ao mercado e compro um outro pacote de isnaguinha, outra caixa de bis, faço uma nova viagem, compro ingresso e vou ver a peça novamente, gravo a múscia no seu celular e fico ouvindo em todos os lugares, acordo todas as manhãs, vivo até anoitecer todos os dias e... 

Ligo? Mando sms? Vejo uma foto? Atravesso o país? Pego o ônibus? Vou de bicicleta? Mando uma carta? Sonho? Fecho os olhos e vejo? 

A "gente"  não se vende no mercado né... nem dá pra acordar com você todos os dias... nem viver com você todos os dias... isso significa que acabou?

Isso significa que acabou.

Mas eu ainda não quero que acabe! Não acabou! 

Ele se foi mais uma vez, a terceira vez em 6 anos, mais uma vez ela ficou em casa, sozinha, vendo filme e comendo brigadeiro. Vive uma noite após a outra, até que se passem mais 6 anos, assim ela vive esperando o tempo passar pra que ele volte e se vá. Em cada partida é uma cicatriz que se fecha, fazendo dela uma mulher mais forte e menos forte, fraca por não poder esperar e forte para esperar mais tempo. São 55 kg carregados por uma unha que está prestes a cair e uma cabeça que sem se mecher assiste atentamente o filme Anticristo do Lars Von Trier e sem entender, simplesmente ouve a última música e envia a última mensagem pra ele. 
Ele que ainda não foi perante e existência dela.
Ela que deita em seu leito com uma lágrima no travesseiro e sonha mais uma história feita pra sonhar.