quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Don Juan

Terei eu o prazer de conhecer Don Juan?
Terás ela o prazer de cair nos braçso de Don Juan?
Terás ele a aldácia de conquistar ela?
Vós tereis de acreditar para saber o final.
E quando nós tivermos acreditado, acontecerá.

Ele está aguardando a sua chegada.
Ele chegou.
Ela ainda espera.

Criança faz anos

Os vagabundos - um presente de dia das crianças para a criança que hoje decidiu parar de crescer por duas horas, rir deles foi mais que um motivo para parar de crescer e regredir 15 anos.

Ser criança, rir de um tombo, de uma porcança, de 4 trapalhões, de uma briga falsa, de 4 homens mechendo com outros da rua, de uma palavra terminada "is" e de uma risada que por si só, se faz a graça de uma sala de cinema com crianças de todas as idades.

Hoje eu desejei ser adotada, desejei correr por entre as ruas de uma cidade com uma bicicleta para o infinito e avante.

Você vem comigo?
Vamos nos esconder naquela caverna?
Vamos dançar na rua?
Vamos amarrar fitas coloridas em nossas cabeça?
Vamos fugir?

Não.

Por que?

Estou com raiva de tudo isso.

São pequenos problemas de incomunicabilidade existentes na raça dos adultos.

Vamos pra fazenda?
Vamos pra cachoeira?

Precisamos resolver.

Só hoje...
Aceita?
Parabéns!
Feliz aniversário!
Qual presente você quer?

...

Na quinta-feira eu levo pra você!
As bicicletas estão estacionadas na rua da Aparecida. Vamos?

Vamos.

Ahh esqueci de perguntar.. quantos anos você tá fazendo?
15.

Elas ali ou lá?

São dias e dias de esperança, encontros, desencontros, evidências... é elas cantam:

Eu me afasto e me defendo de você,
Mas depois me entrego.
Faço tipo, falo coisas que eu não sou,
Mas depois eu nego.
Mas a verdade
É que eu sou louco por você
E tenho medo de pensar em te perder.
Eu preciso aceitar que não dá mais
Pra separar as nossas vidas.
E nessa loucura de dizer que não te quero,
Vou negando as aparências,
Disfarçando as evidências,
Mas pra que viver fingindo
Se eu não posso enganar meu coração?



Dentro de si existem várias Camilles Claudel, que lutam por um amor e pela liberdade de ser mulher. são mulheres que não se comparam aos homens e sim são melhores que eles.

Elas passam madrugadas decifrando novos idiomas, seduzindo com passos de dança aqueles que ali se disponham a dançar, elas bebem o líquido sagrado dos deuses e depois choram as horas perdidas em ligações de paixões também perdidas, paixões tentado se encontrar por meio de telapatia musical, paixões perdendo a vibração por meio do calor que se esfria no vento da madrugada, uma conversa, um colchão no chão, uma lágrima que se escorre pelo ralo do banheiro e mais uma noite indo descarga abaixo junto com a mulher que mais uma vez sangra ali.

manhã ou tarde?

E se você pedisse por algo que ninguémm pode te dar, como seria a reação deles?

Assim jaz mais um final de semana no qual eles andaram pelas ruas iluminadas de sombras do centro da cidade, ruas em que somente eles poderiam estar. Uma noite em que o pó das cinzas que cercavam os jovens se transformou em matéria manuseada e eles criaram uma estatueta de ideias, que exalava cheiro de arte e cantava sons de amanhecer.

Um amanhecer que tinha um céu de tarde com chuva vindo pela frente, eu ainda não sei se era 7 ou 17 horas... só sei que começaria chover se eles abrissem a janela e respirassem o ar de tarde que reinava naquela manhã.

As cordas começaram a vibrar e o ritmo da vibração transformou toda a chuva que caia em corpos que se moviam entre um corredor e um colchão, no qual mais tarde descansavam homens e mulheres após morrerem e nascerem novamente.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Afrodite



Formosa.
Esses peitos pequenos, cheios.
Esse ventre, o seu redondo espraiado!
O vinco da cinta, o gracioso umbigo, o escorrido
das ancas, o púbis discreto ligeiramente alteado,
as coxas esbeltas, um joelho único suave e agudo,
o coto de um braço, o tronco robusto, a linha
cariciosa do ombro...
Afrodite, não chorei quando te descobri?
Aquele museu plácido, tantas memórias da Grécia
e de Roma!
Tantas figuras graves, de gestos nobres e de
frontes tranquilas, abstractas...
Mas aquela sala vasta, cheia, não era uma necrópole.
Era uma assembleia de amáveis espíritos, divaga-
dores, ente si trocando serenas, eternas e nunca
desprezadas razões formais.

Afrodite, Afrodite, tão humana e sem tempo...
O descanso desse teu gesto!
A perna que encobre a outra, que aperta o corpo.
A doce oferta desse pomo tentador: peito e ventre.
E um fumo, uma impressão tão subtil e tão pro-
vocante de pudor, de volúpia, de reserva, de
abandono...
Já passaram sobre ti dois mil anos?

Estranha obra de um homem!
Que doçura espalhas e que grandeza...
És o equilíbrio e a harmonia e não és senão corpo.
Não és mística, não exacerbas, não angústias.
Geras o sonho do amor.

Praxíteles.
Como pudeste criar Afrodite?
E não a macerar, delapidar, arruinar, na ânsia de
a vencer, gozar!
Tinha de assim ser.
Eternizaste-a!
A beleza, o desejo, a promessa, a doce carne...

Irene Lisboa, Outono Havias de Vir, 1937