quarta-feira, 21 de março de 2012

de ponta cabeça

E de repente ali estava eu, de ponta cabeça, com as mãos no chão fazendo uma parada. Ele segurando minhas pernas, meus pés perto de seus olhos ele abria minhas pernas para falar com as pessoas na nossa frente. O sangue descendo pela minha cabeça me faz pensar que vou explodir, e ao explodir pedaços de mim voarão por toda rua e serão pisoteados por pessoas e cavalos e massacrados por caminhões e carros, meus pedaços virarão cinzas enquanto minha cabeça vermelha de sangue pensa em como tudo pode mudar em menos de alguns segundos, as paixões repentinas que nascem virtualmente, os amores de carnaval, o sexo inesperado da noite domingo, a comida que azedou, o pneu do carro furou, os cadernos que cairam na poça d'água, choveu e molhou as roupas no varal, perdeu o emprego, vendeu o carro, não viu a mãe, não falou com o irmão, viaja daqui dois dias, falta de proteina e cálcio no organismo, tesão, tédio, masturbação, sono, preguiça, hora de almoço, hora de lamber o chão, hora de rir, horar de cagar, hora de mandar todo mundo se foder, hora de apertar delete, momento de socar a janela, de pular do prédio, de se afogar na banheira tudo isso enquanto eu de cabeça para baixo segurada pelos pés por um homem, com o sangue fervendo estou indo para cama dormir.

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