domingo, 14 de agosto de 2011

A tela branca diante de rosto enrugado.


Time is ticking out

(Clara Vidinez)

E quando é que tudo acaba, onde é que começa

O amor perfeito sem começo nem fim

Mentira... mentira...

Há um momento. Ele há.

Que o olhar modifica; que as mãos se cruzam

os afetos se concretizam

e as bocas se unem

Vivo agora o que sempre soube que viveria

não saberia dizer como que isso seria possível

pelas circunstâncias, pelos acontecimentos

pelo deixar-se(r) levar.

Mas tudo agora é exatamente como eu nunca soube que sempre seria.

Só isso.

Extremamente possível

Ato de sedução

Ação e reação e reação e reação

e um medo maior do que os sonhos

o entravamento diante do está aqui.

Costumo negar o que existe.

É tão fácil:

Você sorri.

Você aceita.

Você se compadece.

Você lamenta.

Você chora silenciadamente.

Você fala com o espelho.

Você conta de um ao infinito para dormir.

Você faz um diário com várias lacunas.

Você lê romances, notícias de jornais, fofoca sobre famosos, blog dos amigos, provas de vestibulares, livros velhos, cartas de escritores renomados.

Você ocupa a visão.

Você ouve o latido dos cachorros, o locutor da merda do jogo de futebol, o lamentar de parente, as histórias de um amigo num momento de viagem ou larica, as músicas que seus amigos lhe indicam, os ruídos da televisão - os documentários só documentais são os melhores.

Você ocupa os ouvidos.

Você lembra que é domingo, não vai à missa de sétimo dia, sente culpa sem ter cometido pecado.

Você guarda informações inúteis: número de telefones, data de aniversário de pessoas que pra quem jamais ligará, datas dos acontecimentos da infância, da adolescência, das reuniões mais importantes, dos projetos acabados. Isso tudo funciona muito bem.

Você ocupa a mente.

Você se alimenta poucas vezes ao dia, evita comer frutas e em casa. As frituras, os iogurtes, as coca-colas, os cafés, os queijos, as balas de menta, os chocolates que deixam o céu da boca engordurado são fundamentais para você ocupar o seu corpo e sentir-se que precisa descansar.

As poucas horas de sono contribuem para uma irritabilidade, porém, aceitação uma vez que você é quem não está muito bem hoje.

Os acontecimentos indesejados do dia servem-lhe para se vitimizar.

As visitas de parentes te acalentam o coração. Você até pensa que tudo é fraternidade e o importante é dar valor às pessoas de sangue.

Você ouve coisas tão supérfluas, mas pensa que cada um está no seu tempo e que não tem nada a ver com isso. Abstrair faz parte desse pacto.

Você bebe aos finais de semana, nos dias de festas, no dia que foi muito cansativo, no dia que não tem nada para beber, no dia que é data comemorativa, no dia que você não quer beber e vomita muito no dia que você bebe o que queria, mas quis demais e não percebeu que não era possível querer tanto assim.

Tem que ter equilíbrio. Saber a hora de parar. Saber a hora de partir.

Essa bula é bastante indicada às pessoas ansiosas, que pensam que desejam demais e que acreditam que a felicidade possa existir. É contra-indicado
às pessoas mal-humoradas, com índole desconfiável ou grupos de risco.

Em 86,66% dos casos não há contra-indicação e nem efeitos colaterais.

Para surtir efeitos, você não precisa usar moderamente: você terá a disposição o suficiente, o discernimento e o sentimento que deve ter.

Viva a alegria dentro de si!

Viva batendo palmas!

E tenha uma vida eterna junto aos seus irmãos!


Felizes os que aqui ficam e reconhecem o lugar a que foram destinados.


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