quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Distância


E assim, mais uma vez, ela aparece e separa.

Separa o encaixe perfeito, a energia única, a harmonia entre pensamentos, os dedos que se cruzam, os braços entrelaçados, o cochicho escondido, os arrepios inesperados, os sorrisos parecidos, as músicas cantadas juntas e o ritmo dos corpos que dançam sem ter a melodia.

Ela separa o mais precioso de todo o ser, o olhar. Sem ver o ser chora em desespero, chora por saudade, chora porque começa a chorar e não consegue parar, chora só de pensar na possibilidade de não ver mais, e o olhar ao se ver no espelho pergunta: Por que? Por que está tão longe? Por que é assim?

E em meio a todo um dia rotineiro de quinta-feira, o pensamento ultrapassa todas as barreiras e todas as distâncias para estar junto, o olhar que se fecha derrama agora sua última lágrima e vê aquilo que mais deseja, um sorriso se abre e viaja por todos os quilômetres existentes entre eles e aparece para o outro do outro lado e em alguns segundos toda a alma chega lá.

Do outro lado, mais vivos, eles se encontram, se amam durante uma tarde inteira e nos últimos segundos sentem o maior dos prazeres juntos ao mesmo tempo.

Desejo realizado.

Desejo ainda separado por ela.

Desejo sonhado.

Desejo na falta.

Falta no desejo.




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