segunda-feira, 16 de julho de 2012

Diário de bordo

14 de julho
06:30 saída - Pegou o ônibus vazio e trocou de estado.  Frio, bêbada, anciosa, aula e ele.
11:00 chegada - Metrô em outra direção, linha vermelha e só, casa, sozinha, um cachorro, cochilo, ressaca e fome.

15:00 - A escuridão, o escuro total, eu fechei os olhos e tentei "ver" a diferença entre a cor preta dos olhos fechados e a cor preta dos olhos abertos... não havia nenhuma diferença... o escuro dos meus olhos fechados era o mesmo dos meus olhos abertos. 
Na praça de olhos abertos, no claro, no sol, eu vi você passar de óculos escuros, all star e mochila nas costas, naquele instante você levou para o escuro todos os meus desejos de ver.

19:00 - mercado, x-sala, carona, metrô, contagem de minutos no metrô, dois minutos de uma estação para outra, 40 minutos no total até o meu destino, sendo que um objeto caiu nos trilhos o que fez o trem ficar parado durante 4 minutos em uma estação, totalizando então 35 minutos do meu destino inicial ao final.

19:45 - minha garrafa de vinho caiu na saida do metrô, foi engraçado, o tempo parou, a rua silenciou todos olharam para minha cara, eu olhei para o chão minha bota estava toda roxa de vinho, eu fiquei ali parada olhando aquela cena, o sinal abriu, o som voltou, eu não sai do lugar, aquela garrafa era pra gente, e em menos de 2 minutos um homem varreu os cacos da garrafa e tudo tinha ido embora.

20:00 - em casa, sozinha, um banho, uma preparação, uma espera, dormi com as luzes acesas, medo, medo dos sons daquela casa estranha e do escuro que poderia revelar alguma imagem que não gostaria de ser vista.

23:00 - acordar, esperar, mais frio, metrô.

 15 de julho

01:00 - uma mulher de cabelo vermelho, dois seguranças e eu, eles me informaram que o metrô ia fechar, perguntaram se eu ia embarcar, depois informaram que o último trem estava chegando, 2 minutos o trem chegou mas você não chegou.

01:20 - rua deserta, frio, vento, pessoas gritando, os últimos ônibus, as últmas pessoas, bares fechados, janelas apagadas, desespero, naquela avenida o medo me tomou, o que poderia me acontecer???? Afinal só tinha eu na rua... nem carros passando... nem pessoas... o som do silêncio da rua me apavorou, o som do vento gelado cortou meu rosto, me fez correr, em disparada desci aquela avenida chorando rios de lágrimas que escorriam pelo mesmo caminho que o vinho se foi... chorei, corri, gritei de raiva, queria continuar andando pra sempre, queria me jogar nos trilhos daquele metrô pra nunca mais ter que esperar o trem chegar.

01:30 - casa, solidão, São Paulo sabe muito bem como fazer uma pessoa se sentir sozinha, as lágrimas já tinham se acabado e a unica coisa que restou foi o nada, deitada olhava para o nada de um teto amarelo e vazio, esse vazio preencheu todo o meu ser.

03:30 - o sono, sonho, me levou.

11:00 - acordar

12:00 - na linha negra do metrô estava eu entrando novamente... um filme passou na minha frente, o choro voltou.

12:20 - na rodoviária, precisava comer, desde às 19:00 do dia anterior que nao comia nada, o paladar sumiu, o desejo se jogou do último prédio que tinha visto, as mãos sempre geladas, o corpo tremia, os olhos não paravam de chorar, as lágrimas temperavam aquele prato, os dedos não conseguiam sequer segurar o peso do garfo, estava morta.

13:00 saída- ônibus, troca de estado, mensagens, choro. Dizem que a estrada cura todas as feridas. Naquela tarde a cada quilômetro percorrido uma nova ferida se abria.

18:00 chegada - chaves de uma casa solitária entregues.

18:30 - encontro com amigas, colo de amiga, desabafo com amiga, é assim que se tenta curar algumas feridas que deixam cicatrizes por todo um corpo.

23:00 - Expoagro de Guaxupé, o último dia da 3ª maior festa de peão do Brasil... lá estava eu, com duas pingas com mel, sem lágrimas, sem você, pisando no barro de uma arena, rodeada de pessoas, cantando os sertanejos do último domingo.... "Chove chuva, chove vem lavar esta saudade....Leva do meu peito as lembranças que me invadem" - não eu não gosto de sertanejo, mas não posso negar algumas coisas da minha terra querida....

00:00 - O percurso por vários mundo ainda continua, dessa vez o mundo da solidão, espera, desamor, do amor encontrado, do choro e da tristeza infinita de uma noite fria.


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