quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Memória olfativa

O prazer da quinta-feira está no lago.
É ao seu redor que é possível respirar.
Pisar nas pedras é o mesmo que andar em plumas e o ar frio refresca todos os órgãos.
Ao redor do lago tem um lua, uma fonte, uma luz e uma mulher.
Uma mulher que de olhos fechados sente toda a energia de todos os seres vivos que exalam seus odores ali.

A cada passo, um cheiro.
A cada cheiro, uma lembrança.

O cheiro de mato, cheiro de terra, cheiro de peixe, cheiro de "Dama da Noite", cheiro de vaca, cheiro de bosta, cheiro de eucalipto... esses eram os únicos que ela conseguia identificar.


Entrou em desespero pois para cada inspiração de ar um novo cheiro e uma lembrança pela metade, era o odor do quê? Ela não sabia. Tentava lembrar da onde e do que eram aqueles cheiros, mas não conseguia... só sabia, que já os havia sentido alguma vez em sua vida.

Foi uma decepção, esquecer algo que é lembrado e sentir algo esquecido.

Parou, fechou os olhos e começou a inspirar e guardar todos aqueles cheiros que apareciam ali, na sede de que nunca mais fossem esquecidos.

Abriu os olhos, olhou para o reflexo da lua e desejou não esquecer nada daquele momento, a imagem de um céu noturno refletido na água, o som dos animais, o vento gelado no rosto, a textura do chão, o gosto do ar e o cheiro daquele lugar.


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